quinta-feira, 30 de abril de 2009



Pra Rua Me Levar


Ana Carolina


Composição: Ana Carolina / Totonho Villeroy


Não vou viver como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho aonde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão

Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você


É... mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir

Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você...

segunda-feira, 27 de abril de 2009


“Gosto da tristeza para me tocar “ adoro essa frase, pois a sinto, porém o hoje passaria tranquilamente sem que eu a sentisse, estou meio lá meio aqui, meio no vai e no fica, confesso estou por inteira perdida, estou como flor que o outono murcha e suas pétalas são arrancadas pelo vento e levada sem destino certo, ( que romântico, ). O ciclo da natureza é fantástico pena que nós sempre estamos “ocupados” demais para observamos, por exemplo, a estação do outono ( que é a minha estação preferida) , pela sua significância não que as outras não o seja, mas essa em especial é o momento que a natureza se resguarda para renascer novamente fascinante , é o tempo em que ela guarda suas forças, suas seivas, suas flores, frutos, para que depois de três meses reviva radiante, cheia de vida, cheiros, flores, frutos, aconchegando seus filhos, escondendo os pequenos animais de predadores , singelezas tão significantes e por serem singelezas quase que passam desapercebidas. Sempre que me refiro a palavra Singeleza sinto algo muito bom, iria continua a escrever aqui sobre os dramas que ultimamente são acontecimentos na minha vida, mas diante dessa palavra, não o farei , pois, ao longo da vida muitas coisas são distorcidas, o que deveria fazer a vida valer a pena, nos é transmitido como algo ínfimo e acabamos que sempre insatisfeitos, sentimos solidão com freqüência ( um amigo escritor em uma belo dia quando eu me encontrava reclamando do meu estado... ele me falou “ moça, não se sinta assim, pois nunca estamos sós , olhe para o lado quanta vida, vamos dar um sorriso, dá boas vindas, ás vidas que estão aí ao seu lado lhe fazendo companhia “ ás vezes eu esqueço disso que o Eduardo Borges disse-me. Ah! “Às vezes” quantas coisas eu esqueço, e quantas ainda encontram-se na fila de espera para serem esquecidas. ). Aqui estou eu, menina mulher com suas crises, suas lágrimas, sorrisos, vontades, sonhos , todos saindo pelos poros, a flor da pele. Posso ficar meio down só por hoje, sabe o amanhã , sim, esse que é depois de hoje, o futuro do hoje, esse mesmo, tentarei fazer com que a existência dele seja diferente do hoje , tentarei fazer com que nesse mesmo horário eu esteja me sentindo como sei que sou Grande, tranqüila , satisfeita , feliz.





( Sempre me perco, mas tudo um dia foi “nunca antes” tudo um dia não existiu, os caminhos errados sempre trazem algo de bom. )

segunda-feira, 20 de abril de 2009


Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria,
faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos,
faz de conta que uma veia não se abrira e
faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte,
estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade,
precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem,
faz de conta que ela amava e era amada,
faz de conta que não precisava morrer de saudade,
faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus,
faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte,
faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio,
faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua,
faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta,
faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranqüilidade,
faz de conta que ela não era lunar,
faz de conta que ela não estava chorando.

( Clarice Lispector )